Categoria: autores

Quando escrevi o trabalho final de conclusão do curso em Produção Cultural, na UFF, nos idos tempos de 2009,  escolhi tratar sobre questões que estavam bastante presentes no meu rol de interesses; entre as principais fontes de informação que eu consultava na época estavam algumas publicações do Overmundo e o Cultura Livre,  livro  de Lawrence Lessig. As questões perpassavam as novas formas de consumo dos conteúdos e produtos culturais propiciadas pelas inovações tecnológicas.  O  trabalho teve como título “Vendendo vinhos sem garrafas: As novas tecnologias na fruição do produto cultural” e não o compartilho aqui para não espalhar pela rede a falta de cuidado habitual (e que eu tive) em trabalhos monográficos de graduação. O artigo que deu nome ao título sequer constou nas minhas referências e até hoje busco oportunidades posteriores para enfatizar a sua relevância. Fevereiro de 2018  tornou-se um bom momento pra isso.

No inicio do mês faleceu John Perry Barlow que, em  1994,  escrevera o  The Economy of Ideas. A framework for patents and copyrights in the Digital Ages. (Everything you know about intellectual property is wrong. Tudo o que eu podia imaginar sobre propriedade intelectual estava a ser refletido nesse artigo.  A leitura da versão  Selling Wine Without Bottles: The Economy of Mind on the Global Net, foi o que me trouxe alguns pontos de reflexão na época:

  • a capacidade de transportar informação à realidade através de um suporte físico
  • a ideia de que era a  garrafa, enquanto suporte, que estava protegida mas não o vinho, o conteúdo.
  • no âmbito do ciberepaço há o desaparecimento dos suportes físicos -> o problema da propriedade digitalizada

Eu não sei dizer muito mais sobre o autor e não é a melhor decisão começar um blog com a imagem de um homem-branco-norte-americano mas ele  foi o autor da  Declaration of the Independence of Cyberspace! 

Governos do Mundo Industrial, vocês gigantes aborrecidos de carne e aço,
eu venho do espaço cibernético, o novo lar da Mente(…) 

A tradução vale a pena ser lida na íntegra. Das pessoas ficam as suas ideias e recomendo a todos os interessados a leitura de outros dos seus artigos publicados pela Wired.

A ideia aqui central é a de que o ciberespaço não é um ambiente livre por garantia. A Internet consequentemente também não. A Internet que temos hoje está sendo discutida em arenas diversas. No âmbito governamental já circularam propostas de leis como o Stop Online Piracy Act (SOPA)  e  o Protect IP Act (PIPA), em combate à chamada pirataria na Internet. Essa atual é uma década intensa para as questões relacionadas a regulação da Internet.  A supressão do princípio da neutralidade da Internet (ou neutralidade da rede) é uma prática cada vez mais comum entre os dos fornecedores de serviços de conexão, levando ao pensamento do fim da era de uma Internet livre.

 

 

 

 

De 2009 a 2018 a Internet mudou muito.  O conteúdo que pretendo refletir nesse espaço é uma continuidade dos questionamentos  sobre a insfraestrutura da comunicação, por onde  passam as mensagens que chegam a cada um dos utilizadores da Internet  e que  não chega, para todos, da mesma forma.

Investigar o tema da neutralidade é refletir sobre como o acesso aos usos dos meios de comunicação estão a ser estrategicamente e politicamente definidos. É disto que trata esse blog, espaço onde pretendo refletir e evidenciar o papel central do sistema capitalista para o campo de estudos sobre a Internet.