Dentre as práticas de mercado que incidem diretamente sobre o princípio da neutralidade da Internet, uma das mais comuns  é aquela conhecida como zero-rating. Essa prática configura uma forma de discriminação de dados que funciona através do bloqueio por preço. Funciona através da redução de tarifas ou mesmo da não cobrança, para o cliente, pelo tráfego de dados gerado.

Por ter esse caráter de gratuitidade como forma de publicidade, torna-se  muitas vezes complexo associar que trata-se de uma prática discriminatória. Mas não é preciso ir longe para concluir que não existem dados grátis quando tal tráfego é ofertado por empresas fornecedoras de conexão à Internet. conclui-se que essas ofertas são possibilitadas através da negociação de contratos entre os fornecedores de acesso (tais como a MEO, Vodafone e NOS; em Portugal e a Vivo, Oi, Claro; no Brasil) com os fornecedores de conteúdos,  dentre os quais estão as grandes empresas, como o Facebook, Google e Whatsapp. A forma como estas negociações se dão ainda não são tão claras mas o objetivo é que não impliquem em cobrança na contabilização dos dados consumidos pelo cliente, gerando uma vantagem competitiva.

Enquanto a Internet de banda larga fixa, que temos em casa,  considera a velocidade da conexão; o  modelo de cobrança para o acesso à banda larga móvel considera o tráfego de dados. Por isso, a prática do zero-rating é mais comum na oferta  de Internet móvel:

Através de ofertas que enfatizam frases como “apps sem gastar net” e “pago zero. agora é sem limites”, o discurso de gratuitidade é difundido aliando-se a uma ideia infundada de tráfego ilimitado.

A tendência atual do mercado é apelar para o discurso da personalização que torna a Internet algo mais próximo da programação de uma TV a cabo.

Estes são  alguns exemplos de como, em um contexto de mobilização para o mercado e convergência, os atores que encontravam-se inicialmente em campos opostos de disputa  estão a se aproximar para estabelecer acordos que culminam no encurtamento da experiência do utilizador de Internet.

Neste cenário, o mercado de telefonia móvel parece ser o maior campo de disputas e o cliente é quem mais sai perdendo. Como habitual, o utilizador mais afetado será aquele menos provido de capital, através do distanciamento de uma Internet livre.

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